quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Afinal, qual o segredo da felicidade? Monja Coen

Entrevista de Monja Sensei Coen à revista Casa&Decoração



Entrevista a Adriana Fricelli






Afinal, qual o segredo da felicidade?


Estar presente e inteira no instante, apreciando a vida. Ser capaz de transformar cada obstáculo em um portal. Cultivar a mente feliz, mente de contentamento, mente pura e iluminada. a mente que não sabe, capaz de ser flexível, hábil para aprender e responder conforme as circunstâncias. Desenvolver a capacidade de compreensão superior - prajna - sabedoria suprema, a fim de compreender e atuar no mundo de forma adequada e eficiente. Segredo da felicidade? Ser, interser. Apreciar a vida, sua própria vida.

A sociedade nos cobra a perfeição: devemos ser pais exemplares, amantes e profissionais bem-sucedidos; no caso dos filhos, ótimos alunos e jovens descolados, etc. Para a grande maioria, ser imperfeito é sinônimo de fracasso?

Não há nada perfeito neste mundo. Apreciar a imperfeição é uma arte. Nada está fixo ou permanente - tudo se desgasta, tudo se transforma. Saúde em doença, sucesso em perda. Ou doença pode ser curada e o fracasso pode se tornar um ganho. Permanece apenas a mente de Nirvana, a mente de tranquilidade advinda da sabedoria das pessoas que praticam e procuram pela verdade e pelo caminho. E esse caminho nos mostra que nada jamais se completa absolutamente. Todo o universo, hoje chamado de multiverso, está em constante estado de formação, manutenção e destruição. Ao observarmos, seja o que for, profundamente, poderemos perceber imperfeições: mesmo no rosto mais belo, na mente mais ágil, no melhor aluno, no bem sucedido profissional, nos pais exemplares. Mas isso não impede que façamos o nosso melhor em cada instante perene e eterno.


A busca incessante pela perfeição leva à frustração? O que pode provocar no organismo?

Buscar a perfeição é perceber a imperfeição e saber apreciar o que falta, apreciar o que ainda não foi possível assessar e continuar tentando. Não há ponto final. Há a incessante procura, o encontro.

O encontro que é a procura. O que prejudica o organismo é a obsessão, as irritabilidades, a incapacidade de vivenciar a beleza do instante, de estar presente, de ser em plenitude. Cuidado!

Não exija nem de si nem dos outros mais do que podem dar no momento. A mente flexível, bondosa, amorosa, inclui e cuida ternamente - de si mesma e dos outros. Quem sabe você possa perceber a perfeição na imperfeição.


Quais recomendações daria a estas pessoas? Como elas podem buscar o equilíbrio por meio de atitudes simples? Como trazer isto para dentro de casa?


O mais simples pode ser o mais difícil de se obter. A mente humana é maravilhosa e estranha. Pode criar o céu ou o inferno - e tudo que há entre ambos.



Sugestões simples: livre-se do que for desnecessário. Mantenha o mínimo de adornos na casa, em você. Uma única flor é mais apreciável do que uma dúzia delas. Escolha bem.


Pouco pode ser mais. É importante saber fazer escolhas. Também é importante saber não escolher e apreciar o que é, assim como é. Procure a qualidade essencial das pessoas ou dos objetos e esqueça das hierarquias mundanas. Use, consuma, o que for mais natural para o local do planeta em que estiver vivendo. Simplicidade no vestir, no comer, no falar, no andar, no ser. Não queira impressionar ou se mostrar a ninguém. Porém impressione e mostre ao ser coerente e sensível, suave e profunda, naturalmente livre e responsável. Nem tudo pode ser revelado completamente. O mistério intriga e surpreende. Apague a luz ao sair da sala, feche a torneira quando estiver se ensaboando, ouça os sons que você faz ao andar, comer, sentar, dormir, escovar os dentes, abrir e fechar as portas. Seja quase invisível, caminhe sem deixar traços, pegadas. Seprare o lixo, preste atenção que muito lixo pode ser reutilizado - recicle. Recicle seus pensamentos, seus hábitos. Fale com moderação. pense antes de falar. Procure criar harmonia entre as pessoas, invés de querer ganhar as discussões. Não fale à toa. Reaprenda a dialogar.

Perceba a beleza da luz que entra pela janela, a delicadeza na folha nascendo na árvore, o som do pássaro mesclado com os carros. Ouça mais, atreva-se mais, viva mais.

O que prega o budismo?

Não fazer o mal. Fazer o bem. Fazer o bem a todos os seres.

Já ouviu falar em wabi sabi? Se sim, qual a sua opinião sobre isso?

Wabi sabi é a capacidade de perceber a beleza das coisas imperfeitas, impermanentes e incompletas. É a beleza das coisas modestas e simples. É a beleza não convencional.

Wabisabi tem sido associado com a cerimônia do chá, com a arte japonesa e com o zen budismo. Alguns consideram que seja a estética Zen. Não é nada muito definível. Algo misterioso e inefável, que talvez nunca possa ser completamente realizado. É percebido, sentido, pressentido. A lua cheia coberta por suaves nuvens é considerada mais bela do que a lua cheia num céu aberto. O galho torto se torna belo e o galho reto pode ser descartado. Wabi sabi é uma maneira de ver o mundo, de viver. Talvez de forma mais simples e natural. Perceber sutilezas e apreciar a simplicidade.
 
fonte:http://www.monjacoen.com.br/entrevistas/38-entrevistas/347-entrevista-a-casaadecoracao

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