1. O Rei Dragão
Um dia um violento rei dragão encontrou um bodhisattva no caminho. O bodhisattva disse, “não mate, meu filho! Se você mantiver os cinco preceitos e cuidar de todas as vidas você será feliz”. Ao ouvir somente estas poucas palavras, o dragão se tornou totalmente não-violento.
As crianças que cuidavam de animais no sopé das montanhas do Himalaia tinham muito medo do dragão. Mas quando ele se tornou manso, elas perderam seu medo e começaram a pular em cima dele, puxar a sua cauda e jogar pedras em sua boca. Depois de um tempo, o dragão já não podia comer e ficou muito doente.
Quando o rei dragão se encontrou de novo com o bodhisattva, ele gritou: “Você me disse que se eu observasse os cinco preceitos e tivesse compaixão, eu seria feliz. Mas agora eu sofro e de modo algum estou feliz”.
O Bodhisattva respondeu: “Meu filho, se você tem compaixão, moralidade e virtude, deve ter também sabedoria e inteligência – este é o modo de você se proteger. Da próxima vez que as crianças fizerem você sofrer, mostre a elas o seu fogo. Depois disso, elas não mais o incomodarão”.
De: As Mais Belas Histórias Budistas – Internet
2. A Face Irada de Kannon
Ao observar uma imagem da Kannon de Mil Braços, vejamos que, na maioria destas imagens, uma das faces – lá em cima, logo embaixo da face de Buda – é uma face irada, mostrando os dentes, os olhos “esbugalhados”. Como explicar isto?
Gente, nem sempre as pessoas querem se corrigir, nem sempre querem se perceber.
Quantas vezes, continuar do jeito que estamos – com os mesmos comportamentos – é muito confortável e não temos motivo para mudar! Não acreditamos que possamos realmente estar prejudicando alguém, não queremos aceitar responsabilidade pelas nossas ações, nós nos achamos justificados em nossas atitudes – temos mil desculpas para não mudar.
Parecemos crianças birrentas. Não queremos ir para a cama, não queremos ir para a escola, não queremos ir ao dentista, não queremos fazer lição de casa. Só queremos continuar brincando, assistindo televisão, comendo doces, jogando videogame, falando ao telefone.
Na hora de estar lidando com uma criança birrenta assim, será que funciona fazer cafuné na cabeça dela e dizer “vamos lá, queridinha” ou será que nós nos vejamos obrigadas a usar firmeza e nos impor?
Esta firmeza – pode ser baseada na raiva? Não, não pode. Não devemos estar simplesmente numa “briga de poder”. Devemos, como pais, estar numa posição de compaixão, fazendo aquilo que é melhor para a nossa criança – nos impondo quando necessário – para que ela não coma doces demais, que vá para cama num horário razoável, que vá ao dentista quando necessário – uma lista interminável.
E é assim na vida. Por mais que a gente gostaria de sempre ficar sorridente e pacífica – “bonzinho”, há momentos em que precisamos mostrar as nossas “garras” para impedir uma invasão de nosso espaço, uma violação de nossos direitos, para impor limites e “respeito”. Mas, novamente, isto não pode ser feito a partir de uma posição raivosa ou de “briga pelo poder”. Precisa ser feito a partir de um Coração de Compaixão.
E como podemos fazer isto?
Zazen, zazen e mais zazen – corretamente sentado. Estudo dos ensinamentos budistas com um Professor de Darma. Convivência com uma Sanga de praticantes, praticando os Preceitos Budistas. Abrir o Coração de Compaixão. Abrir o Olho de Sabedoria. Libertar-se dos condicionamentos. Transcender a pequena mente condicionada e despertar a Mente Buda. Aprender a reconhecer as nossas emoções e paixões e não ser mais controlados ou levados por elas. Perceber que temos todos os seres dentro de nós mesmos – que somos também a criança birrenta, o agressor, a vítima – e somos, acima de tudo, Natureza Buda. Descobrir as nossas motivações mais secretas – tão comuns a todo e qualquer ser humano. Aceitar o fato de que somos seres humanos, com toda a glória de sua “imperfeição”. Ter compaixão para conosco mesmos – igualmente para com os outros.
Que maravilha que temos esta prática budista para nos guiar! Que benção ter este caminho de auto-transformação! Então, vamos lá, mergulhando na essência do Ser – manifestando cada vez mais esta Paz e Tranqüilidade que é a nossa herança – até mesmo quando precisamos mostrar o rosto irado de Kannon!
Que possamos cada vez mais praticar o Caminho para o bem de todos!
Retorno e me abrigo em Buda. Retorno e me abrigo no Darma. Retorno e me abrigo na Sanga.
Gassho
fonte: http://monjaisshin.wordpress.com/
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