segunda-feira, 11 de abril de 2011

Kannon, a Deusa da Misericórdia.



O preletor Toshiyuki Fujiwara certa vez orientou assim uma senhora que tinha um filho com enurese:


"É o sentimento de insatisfação que a senhora possui no fundo do coração que se manifesta nele e a faz sofrer". Na verdade, ela casara obrigada e nunca se sentira feliz pelo casamento. Foi uma orientação rápida, pois o trem do Sr. Fujiwara já estava partindo. A senhora apenas respondeu: "Entendi perfeitamente". Na próxima visita do preletor o menino estava completamente curado.


(Fujiwara, Você será salvo infalivemente, p.165)


Assim, nossas vibrações mentais "evaporam" como a água, formam "nuvens" no mundo mental e se precipitam sobre nós como a chuva.

Uma verdade “invisível” recebe diferentes nomes de acordo com as diversas tradições. No Budismo Mahayana, Avalokiteshvara, ou Kanzeon Bosatsu em japonês, é o Bodshisatva da grande compaixão (Kuan Yin no budismo chinês).


Na Sutra Kanzeonbosatsu Fumonbongue, está escrito:

A sabedoria do sol destruindo as escuridões,


Controlador de tempestades e incêndios,


Que ilumina todo o mundo!


(tradução: Monja Coen Sensei)






Um dos aspectos mais perturbadores, para os Ocidentais, na mitologia hindú é o aspecto negativo e destruidor da deusa Sakti, energia ativadora do princípio divino, personaficado na deusa bebedora de sangue Kali. Diz o devoto de Kali, Shri Ramakrisna:


"Minha Mãe (...) a Corporificação de Brahma ... Ela emana ese mundo e então impregna-o... Através de sua maya, os habitantes do mundo se envolvem com 'mulheres e ouro' e, novamente, por sua graça, eles conseguem a libertação ... ela é cheia de graça."


(apud CAMPBELL, As Máscaras de Deus, Mitologia oriental, São Paulo: Phalas Athena, 1994, p. 137).


Isto porque o Ocidente fez uma divisão rígida entre matéria e espírito e entre Bem (Deus) e mal (homem, demônio).


No livro “Interpretações da Sutra Sagrada”, o Professor Taniguchi fala que foi Kanzeon Bosatsu que, aspergindo a "Chuva de Néctar da Verdade" o inspirou a criar a Seicho-No-Ie. No livro “Explicações Detalhadas da meditação Shinsokan” existe a Meditação Renge Nippo Oji-kan em que repetimos:“ a matéria não existe, a mente não existe, o corpo não existe... eu próprio sou Kanzeon Bosatsu”.


Isso porque, afirma o Mestre, Kanzeon Bosatsu é “o princípio de que o mundo se manifesta exatamente como o contemplamos”. (idem)


Assim vamos entendendo que o mundo é concretização de nossos pensamentos, tecido com os fios da mente, e não uma existência sólida, imutável e limitada.


O Mestre nos diz que “A forma é manifesta por meio de ondas ou vibrações.” (Você pode Curar a Si mesmo, p. 251)


(Kanzeon significa "contemplar" ("kan") os "sons do mundo" ("zeon") ou seja concretizar de forma visível as vibrações mentais das pessoas”. Percebendo os sofrimentos e agressões refletimos que ainda não fomos capazes de reverenciar a Realidade Perfeita no interior de todos os seres e mentalizamos essa perfeição. Transcendendo a aparência ilusória vemos o filho de Deus perfeito no interior, e ele se concretiza.


“Aquilo que pensamos internamente manifesta-se externamente; aquilo em que acreditamos projeta-se no mundo exterior; aquilo que falamos aparece no próximo”- diz o Mestre na oração para Louvar Kanzeon Bosatsu, na Sutra Sagrada "A Verdade em Orações".


Se eu creio que o mundo é um lugar de conflitos, atraio pessoas agressivas. Se eu não me considero uma pessoa importante, tomo atitudes que me levam ser dominado por outras pessoas. Se não acho que sou importante, odeio meus pais, que me colocaram no mundo e agrido pessoas em situações de comando, atraindo desgraças para minha vida. Se acho que não mereço o amor sou atraído para situações de relações passageiras, insignificantes ou estressantes.

Se acredito que a felicidade vem do acúmulo de matéria, acabo esquecendo meus familiares, amigos e perturbando minha saúde por excesso de trabalho. Se não percebo minha própria grandiosidade me comporto com arrogância, atraindo desprezo e compaixão. Se penso que não sou inteligente não exponho meus pontos de vista e talentos e não consigo empregos adequados. A maioria de nós se vê como um pobre homem material, lutando contra a adversidade e constrangido ao pecado da carne, atraindo auto-punição.

A psicanálise lacaniana trata a mesma questão da seguinte forma: por que me submeto a certas situações- de dependência, humilhação ou disputa; qual o desejo oculto nesses envolvimentos em que me coloco?


Se minha mente vibra com a freqüência da carência, atraio e concretizo situações de carência. As crenças mais profundas como “meus pais não me amam” ou “é difícil vencer na vida” atraem situações da mesma freqüência. Isso ocorre conforme o princípio da atração de vibrações semelhantes, como nos diz o Mestre:


“A mente é uma espécie de onda vibratória espiritual. Portanto, da mesma forma que as ondas emitidas por um televisor atraem e captam programas de emissoras da mesma freqüência a nossa vibração espiritual atrai e concretiza ambientes, circunstâncias e condições da mesma freqüência. Assim é que traçamos nosso destino. (...) Contemplar unicamente a Imagem Verdadeira. Fitar unicamente a perfeição da Imagem Verdadeira. Não deixar a mente se abalar pelos acontecimentos do mundo fenomênico.” (Livro “Convite à Prosperidade-2”, p. 63.)


As pessoas gostam de repetir, sobre uma pessoa má: "esse é teu Kanzeon Bosatsu", ou criticar uns aos outros valendo-se desse conhecimento: "Viu, você é mau, por isso atraiu alguém mau". Torna-se um ciclo de julgamentos e críticas, uns dizendo aos outros:“você julgou o outro”! Ou acabam anulando qualquer melhora, pois afirmam com superficialidade “tudo está certo”.

Assim manifesta-se somente um inferno de pessoas que se dizem ser estudiosas da Verdade, e jamais um Movimento de amigos, tentando esforçar-se para manifestar seu Eu Real. Algumas vezes também as pessoas nos agridem porque trouxemos a elas uma “Verdade” muito profunda e explodem seus carmas armazenados... (Reconstruindo a Vida Humana, cap. 11)

Já que “o fenômeno que enxergamos é efetivamente o pensamento materializado, uma co-produção do Pensamento de Deus com o pensamento humano", este mundo não se apresenta perfeito, e se nunca tomarmos uma posição e deixarmos o mal agir livremente não estaremos manifestando Deus, mas confundindo a treva com a luz. O Mestre também nos fala:


"Devemos renunciar ao nosso ego e nos entregar totalmente a Deus, mas isso não significa que devemos fazer o mesmo em relação ao ego das outras pessoas... Se não assegurarmos desse modo nossa liberdade individual e autônoma, estaremos nos reduzindo a pobres animais destituídos de caráter...dominados por alguém que possua forte ego (um ego violento, sem vínculo nenhum com Deus) Reconstruindo a Vida Humana, p. 188)"

E ainda:


“Permitir a existência do mal acreditando na realidade dos fenômenos malévolos, não é reconciliação, mas concessão. Devemos nos reconciliar, porém não devemos fazer concessão”. (“Interpretações da Sutra Sagrada”, p. 85).

Entretanto, como, neste mundo fenomênico nos deixamos levar pelas nossas paixões e carmas do passado, temos de ter sabedoria para não ir além do necessário. O amor é o mais importante, pois mesmo se estivermos corretos, sem compreensão pela fraqueza do outro, estaremos sendo mesquinhos. Se atraímos pessoas agressivas é porque havíamos agredido alguém no passado, acumulando causas cármicas: quem nos agrediu desfez nosso carma, portanto, nos libertou. (A Verdade da Vida, vol. 21, p. 128)

Todos podemos cometer erros quando nos deixamos influenciar pela mente coletiva da humanidade ou explodem os conflitos ocultos de nosso corpo astral. Cada atitude têm uma lógica e a maioria das pessoas não age de má fé, mas por ignorância.


A melhor maneira para não confundirmos concessão e reconciliação é efetivarmos a meditação Shinsokan, unirmo-nos à Sabedoria divina, e mentalizar, sobre a pessoa ou fato que nos agride:


"Na essência, você é natureza verdadeira Harmonia e perfeição; é bondoso e sincero e vivemos em plena harmonia."

A Deusa de Misericórdia nos faz perceber que devemos ajustar nossa sintonia mental, contemplando a perfeição interior das coisas, pessoas e fatos. Muitos são os adeptos que pensam estar "iluminados" porque intelectualmente sabem que são "filhos de Deus", mas como continuam a ser egoístas, agresivos e intolerantes em nada evoluíram.

Na medida em que vemos os fenômenos errados (por exemplo, a pobreza), percebemos que ainda temos crenças incorretas e refletimos: "Eu pensava que era pobre, mas sou um com a Vida de Deus que preenche o Universo, já tenho riqueza infinita e tudo vem a mim de forma perfeita. Perdoe-me Deus por não ter visto o Jisso."

Assim conseguimos verdadeiramente transcender o mundo material e visualizar o mundo onde já está realizado aquilo que desejamos, elevando nosso espírito.


Quando recebemos uma agressão pode ser que nossa energia tenha lançado uma espécie de granada da verdade nos carmas acumulados da pessoa, que se sente sacudida por uma força que não compreende (reconstruindo a Vida Humana, cap. 11) ou ainda estamos sendo libertados do acúmulo de causas cármicas em nossa mente (havíamos agredido alguém no passado) (verdade da Vida, vol. 21).


Devemos nos esforçar com afinco em ler a Coleção A Verdade da Vida, praticar a Meditação Shinsokan para unir-mo-nos a Deus onipresente no Universo e desenvolver uma postura de amor e atenção para com todas as coisas, manifestando assim naturalmente a melhora do ambiente como reflexo de uma mente purificada. Só assim atrairemos amigos e veremos um mundo de paz se concretizar.

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