Avalokitesvara em sânscrito. De acordo com a origem do nome,
é uma divindade tanto masculina, quanto feminina que, observando todas as leis
regentes do Universo, salva livremente os povos. Dessa forma, quando seu nome é
pronunciado, prontamente vem em socorro daquele que O invocou. Dependendo do
auxílio solicitado, pode manifestar-se de forma diferente em qualquer parte do
mundo. É reverenciado desde tempos remotos especialmente no mundo oriental.
Sempre responde às necessidades imediatas, quer dizer, àquilo que o ser humano
está, de fato, precisando no momento.
Kanzeon: o mesmo que Kannon. Na verdade, é uma das
denominações de Avalokitesvara.
Poder de Kannon
Myochi
Desde antigamente, ouve-se falar do poder de myochi,
parte integrante da potencialidade divina de Kannon. Nota-se também nunca ter
sido mencionada em palavras claras a força de Amita, divindade lunar, a mais
importante do mundo búdico, durante a Era da Noite. Da mesma forma, nunca se
fez referência específica aos prodígios de Sakiyamuni ou de Dharma[1], fundadores, respectivamente, do Budismo e do
Zen-budismo. É, pois, bastante misterioso que a expressão "poder
de" esteja relacionada somente a Kannon. Deve haver, portanto, alguma
razão divina muito especial para que assim aconteça. Além disso, não existem quaisquer
documentos nem relatos da tradição oral explicando o porquê da expressão
"poder de
Kannon".
Eu mesmo há tempo, tinha dúvidas com respeito a essa
questão; porém, à medida que fui aprofundando a minha fé, comecei a entender
corretamente a lógica de Deus; por isso, quero agora esclarecer este assunto a
vocês todos.
Também permanecia com outra dúvida relacionada a Bodhisattva
Kannon. Sempre as pessoas me perguntavam se era uma divindade masculina ou
feminina. De fato, manifesta-se, ao mesmo tempo, como homem e mulher, numa
dualidade inseparável intimamente relacionada ao poder que possui.
Significado do poder de Kannon
Desde a antiguidade, sabe-se da existência de duas forças
distintas, yang(homem) correspondente ao fogo que queima
verticalmente; yin (mulher), relacionada à água que corre
horizontalmente. Durante toda a Era da Noite, ambas essas tendências
permaneceram separadas; agora chegou o momento de elas se unirem através do
cruzamento da verticalidade com a horizontalidade, formando uma cruz. O que Eu
estou dizendo significa a transformação do mundo da Noite para o Dia, em
conseqüência do aumento de intensidade da Luz, resultante da fusão de fogo e
água. Assim, então, quanto maior for a quantidade de kasso (fogo)
mais forte será a luminosidade; por isso Eu afirmo que no mundo do Dia, devido
ao aumento da quantidade de kasso, a Luz fica mais potente.
Da mesma forma, quando Bodhisattva Kannon transforma-se em Komyo Nyorai, está,
de fato, manifestando o ponto de cruzamento entre o vertical e o horizontal, de
onde surge a verdadeira força da da Luz de Deus (= poder de Kannon).
É interessante também analisar o ideograma que simboliza poder. Nele, a linha
horizontal cruza ao meio com a linha vertical; depois dobra à direita e,
repentinamente, dispara em direção ao alto.
Significado: no ponto de cruzamento surge uma força que vai
girar da esquerda para a direita, como os ponteiros do relógio.
Esse
ideograma contém, portanto, o sentido profundo de tudo que acabei de lhes
dizer.
Verdadeiramente, então, somente Bodhisattva Kannon possui a dualidade -
vertical, horizontal - cuja união gera a poderosa força da Luz de Deus. O
costume de recitar, repetidas vezes, em forma de prece as palavras
"Nenpi Kannon Riki..." (poder de Kannon...) está
fundamentada nesse mesmo princípio, qual seja, o aspecto dual da essência
divina de Kannon.
Transformação de Bodhisattva Kannon em Komyo Nyorai
Bodhisattva Kannon, depois de transformar-se em Komyo Nyorai, manifestou-se
como Miroku, com um poder trino: de fogo, de água e de terra.
Conforme já falei antes, a Luz resulta da união do fogo e da água. Entretanto,
somente a junção desses dois elementos limitaria o trabalho de Kannon
deixando-o restrito ao espírito. Com o acréscimo da terra[2], entra também a ação do corpo físico; como
conseqüência, manifesta-se aquele poder trino representado pela Bola de Luz
denominada mani cujo significado é força capaz de realizar todas as
vontades.
Miroku pode, por isso, ser entendido como cinco, seis, sete (5, 6, 7) em que
cinco (5) corresponde a fogo, seis (6) à água e sete (7) à terra.
Simpatia por
Kannon
Freqüentemente as pessoas, tanto de fora, quanto
adeptos querem saber se, para chegar ao nível de Grande Mestre, Eu tive, desde
o início, uma fé bastante fervorosa em Kannon. Já se tornou um hábito todos me
fazerem idêntica pergunta.
Maior surpresa lhes causo, porém, ao responder-lhes que Eu
não tinha fé alguma em Kannon, mas apenas Lhe devotava uma simpatia muito
especial pelo fato de apresentar feições serenas, aparência atraente e delicada,
mostrando-se, ao mesmo tempo, uma figura pomposa, cheia de graça e perfeição. É
sempre dessa forma que Kannon se apresenta, sendo também assim reverenciado nas
várias tendências do Budismo. Permanece, contudo, acima de todas elas, sem
tomar nenhum partido.
Presença de Kannon
Eu me surpreendi bastante ao saber que o
espírito de Kannon está constantemente ao meu lado e, também pelo fato de, a
partir dessas informações, inúmeros milagres terem começado a ocorrer na minha
vida, todos eles relacionados a Kannon. À medida que o tempo adequado for
chegando, anunciarei aos poucos tais manifestações prodigiosas. Uma dessas
ocorrências extraordinárias a mim relacionadas foi o conhecimento de que a
essência de Kannon é Izunome no Kami. Fiquei sabendo também mais estas
particularidades: num determinado período, visando à salvação da humanidade,
Izunome se manifestou camuflado em Kanzeon Bosatsu; mais tarde, retornaria ao
mundo divino, para ocupar o seu trono original. Pelo fato de Kannon ter
permanecido ao meu lado desde 1925, acompanhando-me de perto, comecei, a partir
daí, a tomar conhecimento de diversas verdades sobre o presente, o passado e o
futuro. Ele também me ordenava o cumprimento de alguns planos sem explicar-me
com detalhes o porquê de suas determinações. Dispunha, então, livremente do meu
corpo para pôr em prática o trabalho de salvação da humanidade. Kannon
ainda continua me utilizando como veículo para concretizar o plano de Deus. Por
essa razão, posso afirmar que hoje sou um Grande Mestre não pela minha fé em
tão poderosa Divindade, mas pelo fato de ser usado por Ela como instrumento em
prol de um grande trabalho de ajuda a todos os meus semelhantes.
Na verdade, sou um substituto de Kannon no mundo. Ele,
entretanto, age como dono e senhor; dispõe de mim da maneira que melhor Lhe
aprouver, sem que Eu tenha a liberdade de decidir sobre o que e como fazer.
Simplesmente manifesta, através de mim, o poder de Sua misteriosa sabedoria
(myochi), sem obstáculos nem limites. Por isso, sob esse ponto de vista, Eu não
desfruto daquela autonomia segundo o conceito das pessoas comuns. Em
compensação, usufruo plenamente da Grande Liberdade compartilhada apenas por
aqueles que se submetem à inteira vontade de Deus. É um estado peculiar da
minha alma, difícil de ser traduzido em palavras e, por isso, a maioria das
pessoas não tem capacidade nem para imaginar como esses fenômenos acontecem.
Relacionamento com Kannon Como há muita gente
interessada em saber qual é a relação entre mim e Kannon, a partir de agora vou
explicar. Comecei a seguir a religião Oomoto em 1918, mas, devido a certas
circunstâncias, afastei-me durante um período de mais ou menos cinco anos.
Em 1923, retornei. Cerca de seis meses mais tarde, fui procurado por um
topógrafo desejoso de informações sobre a Oomoto que, na época, se expandia
rapidamente. Em meio à conversa, olhando-me fixamente no rosto, perguntou-me se
a doutrina tinha alguma ligação com Kannon. Respondi-lhe negativamente
dizendo-lhe que a Oomoto era xintoísta e Kannon, budista. Insistindo no
assunto, afirmou O estar vendo à minha direita. Na verdade, como o
topógrafo possuía a faculdade da vidência, a sua visão espiritual se abriu
naquele momento e ele foi capaz de perceber a presença de Kannon ao meu
lado. A seguir ainda me disse tê-Lo visto me acompanhar quando me levantei
para ir ao banheiro; voltou depois junto comigo e permaneceu sentado próximo a
mim. Para ter certeza, pedi-lhe mais alguns detalhes e ele respondeu que
a Divindade estava de olhos fechados; o rosto e o corpo eram exatamente iguais
aos dos desenhos ou esculturas. Após esse nosso primeiro encontro, sempre
que o topógrafo pensava em vir à minha casa, Kannon lhe aparecia
repentinamente. Ao saber desses fatos, fiquei um pouco intrigado, pois,
até então, jamais havia imaginado me devotar a Kannon. A partir daí, começaram
ocorrências misteriosas que me levaram a admitir uma ligação mais íntima entre
Kannon e mim. Certo dia, um dos membros da Oomoto disse ter visto uma
espécie de remoinho acima da minha cabeça, no centro do qual estava Kannon trazendo
às costas uma cruz. Naquele momento, não me fora possível entender o
significado de tão estranha visão. Logo depois, contudo, fui vítima de uma
séria perseguição religiosa que me causou enorme sofrimento. Compreendi assim o
sentido da vidência: Eu fora colocado no meio de um tufão e deveria enfrentar
uma luta bastante renhida. Cerca de três meses mais tarde, várias
divindades começaram a manifestar-se por meu intermédio, entre elas, Izunome, a
essência de Kannon. Foi Ele quem revelou que Eu seria usado como instrumento
para realizar a grandiosa missão de salvar a humanidade.
[1] Dharma (ou Daruna em japonês), missionário budista
indiano. Pregou o Zen-budismo na China em 526.
[2] Esse elemento terra é representado pelo corpo de
Meishu Sama.
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