quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A jóia na Cabeça







Capítulo Anrakugyohon do Sutra de Lótus

Certa vez havia um grande e santo rei, que tinha uma imensa força e um coração extremamente amável.
Ele foi o supremo entre os reis e era considerado de uma maneira altamente honrada que não era apropriado a ninguém.
As pessoas chamavam-no de Rei Girador da Roda porque tinha recebido uma roda de jóias dos céus que girava enquanto governava o seu domínio e porque parecia como um sagrado e santo homem.
Ele foi um fino governante  e quando encontrava um estado que era dominado pelo mau, empreendia uma guerra contra ele e esmagava-o.
Lutou continuamente: contra esses maus estados até que os subjugou a todos.
O Rei ficava muito contente em ver alguns dos seus soldados distinguir-se na guerra.
De acordo com os seus méritos, dava-lhes vários tesouros como ouro, prata, conchas, ágata, coral e âmbar, ou almofadas, casas, vilas e cidades.




Ele também distribuiu elefantes, cavalos e veículos aos que foram dignos. Cada vez que os soldados eram recompensados com presentes honráveis do rei, eles se vangloriavam, dizendo:

- Recebi anéis dourados e colares do Rei Girador da Roda.

- Ele me deu um fabuloso elefante e uma carreta de boi, elogiando a minha brava luta na guerra.

- Foram roupas desta vez para mim. Mas ainda conseguirei muito mais na próxima vez por minha valiosa luta.

- Mas os senhores não me superam. Estarei lutando com todas as minhas forças também.

Ele, contudo, não lhes deu uma brilhante gema que mantinha em sua cabeça porque a gema era a única da sua espécie no mundo.
Se desse a alguém, seus seguidores poderiam ficar chocados.

Sakyamuni então explicou a história a Manjusri:

"Manjusri! Eu, o Buda, tenho guardado o Sutra de Lótus cuidadosamente em meu coração e não contei a ninguém a respeito dele.
Neste sentido sou como o Rei Girador da Roda que deu muitos tesouros aos seus soldados, mas que escondeu a mais valiosa gema.
Eu, como o rei, tenho lutado e vencido muitos demônios.
Muitos dos meus discípulos também lutam contra eles.
Dei-lhes muitos tesouros da Lei e trouxe-os mais próximos da iluminação, mas não lhes ensinei o Sutra de Lótus que é a quintessência de toda Lei budista.
"Não disse anteriormente aos meus seguidores sobre o Sutra de Lótus porque ele poderiam não ter compreendido.
Num mundo que está dominado pela mal e pela ignorância, as pessoas não  têm a capacidade de compreender essa doutrina profunda.
Assim foi necessário empreender a guerra e destruir o mal.
Assim fazendo, foi possível ensinar gradualmente as pessoas, cada vez mais a respeito do verdadeiro estado de vida.
Uma vez que as suas visões errôneas da realidade e a sua ignorância sejam revertidas, eles se tornarão mais receptivos e menos céticos daquilo que agora desejo lhes ensinar.
"Um dia o Rei Girador da Roda. viu um soldado de extraordinário mérito e deu-lhe aquela preciosa gema. Sou como esse rei.
0 Sutra de Lótus é o mais excelente e profundo de todos os ensinos pregados pelos Budas.
Estou, portanto, expondo-o finalmente tal contou o rei que, somente no final, deu a brilhante gema a aquele que foi o seu mais digno seguidor.



" Manjusri! 0 Sutra de Lótus é o depósito do secreto saber do Buda.
Está acima de todos os outros sutras e ensinos.
Eu, portanto, conservei-o secreto e abstive-me de revelá-lo por um longo tempo.
Agora estou pronto para o expor a toda a humanidade pela primeira vez! "
Esta história é uma das sete parábolas ensinadas no Sutra de Lótus, que aparece no décimo-quarto capitulo, ‘"Anrakugyohon". Ela mostra o principio de "kaigon kenjitsu" – Substituir os ensinos provisórios com o verdadeiro, que é, naturalmente, o Sutra de Lótus.
Revista Terceira Civilização nº 218

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